Tecnologia na sala de aula
Carteiras com teclado, telas sensíveis ao toque e conteúdo em 3D. As escolas chegaram ao século XXI
Verônica MambriniCONECTADOS
Sala multimídia com carteiras digitais. Os computadores
são integrados em rede
Nada é mais tradicional do que a aula “cuspe
e giz”, aquela que só depende da fala do professor para se concretizar.
Mas a tecnologia está fornecendo cada vez mais recursos para turbinar o
que acontece na escola e deixar o dia a dia dessa geração de crianças
tão digitais mais próximo de sua realidade. Aliados poderosos, como a
projeção tridimensional, facilitam o ensino de temas intrincados, como
reações químicas ou demonstrações de leis da física. Já existem no
mercado, por exemplo, diversos softwares que apresentam os conteúdos
didáticos do currículo proposto pelo Ministério da Educação. Pode-se
desenvolver material para todas as disciplinas com interatividade,
usando capacetes e luvas que transmitem o movimento dos alunos. Isso sem
falar nas carteiras com teclado, mouse e telas sensíveis ao toque. Tudo
para atrair a garotada.
“Quando você percebe que essas crianças
entram em uma sala de aula no mesmo formato do século XIX, há cansaço,
desentendimento, falta de vontade de aprender”, afirma Jorge Vidal,
diretor da Interdidática, feira que aconteceu recentemente em São Paulo e
trouxe os lançamentos de ponta do setor para o mercado brasileiro. O
Colégio Castanheiras, na capital paulista, abraçou a tecnologia. A
partir do segundo ano do ensino fundamental todas as salas têm lousa
digital e a tradicional e dois computadores ligados à internet – um para
o professor e outro para os alunos. Do oitavo ano em diante, os
estudantes também usam notebooks. “As salas têm sempre as duas lousas,
porque somos da geração da transição, com giz e mouse, que não brigam”,
diz a diretora pedagógica Débora Vaz. Aliadas às lousas digitais,
carteiras especiais permitem integrar totalmente as aulas com a
apresentação do professor. Fechadas, elas parecem comuns, com tampa de
madeira e apoio para canetas e lápis. Sob a tampa, monitor, mouse e
teclado.
Toda a tecnologia disponível, no entanto,
não assegura por si só uma revolução educacional. É preciso aprimorar
didática e conteúdos. O desafio agora é garantir o bom uso da
tecnologia. “O risco é repetir o velho com a ferramenta nova”, diz Nilbo
Nogueira, doutor em educação pela Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo (PUC-SP). Novas mídias, recursos e possibilidades garantem
mais chances de aprendizado para toda a sala, afirma o professor. “Há
alunos mais visuais, outros que aprendem ouvindo. Mas, na aula
tradicional, você atinge menos gente.”
Outra boa notícia é que a disponibilidade da
tecnologia não está apenas nas escolas de elite. A Sapienti, empresa
que desenvolve lousas e salas multimídia, tem nas escolas públicas seu
principal cliente. “Na rede pública, 30% dos alunos não tinham
computador em casa, mas 60% deles acessavam de um cybercafé”, diz
Gonçalo Clapes Margall, diretor da Sapienti. Diante da revolução
digital, a rendição parece inevitável.
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