Fizemos uma leitura da entrevista abaixo no curso e gerou uma discursão sobre as tecnologias na educação ,de fato as escolas vem recebendo do Mec materias para trabalhar com as Tcis ,mas a maioria das escolas não têm um espaço físico adequado e quando têm esbarra em outro grande problema que é o da falta de qualificação dos professores para utilizarem esses recurços não só o professor da sala de aula,mas as vezes até o próprio monitor do proinfo não está qualificado para fazer o atendimento de forma correta.Enfim ,ainda há um imenso caminho para chegarmos de fato a um bom uso da tecnologia.Eu sou totalmente a favor do uso de tudo que possa melhorar o aprendizado dos meus alunos. 
                                                                                            Professora Lucimeires

Vani Kenski
Realizada em: 30/11/2009
Atuação: Professora doutora da Faculdade de Educação da USP e diretora da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED)
Obras: KENSKI, Vani M.; GOZZI, M. 
P.; JORDAO, T. C.; Rodrigo Gabriel Silva . Ensinar e aprender em 
ambientes virtuais. ETD. Educação Temática Digital (Online), v. 10, p. 
223-249, 2009; KENSKI, Vani M. Tecnologias e ensino presencial e a 
distância. 6. ed. Campinas/SP: Papirus, 2008; Educação e Comunicação: 
interconexões e convergências. Educação e Sociedade, v. 29, p. 647-666, 
2008; Educação e tecnologias o novo ritmo da informação. 4. ed. 
Campinas/SP: Papirus, 2008.
Tecnologias digitais na Educação
Salto – Quais os impactos da tecnologia na
 educação, hoje? E que transformações acontecem na escola com o 
surgimento das mídias digitais?Vani Kenski – Eu vejo que o 
impacto é muito grande, como em todas áreas. Eu considero que houve uma 
mudança de 1990 para cá, uma mudança estrutural na sociedade, a partir 
das mídias digitais. E a educação não está fora disso. A chamada geração
 digital já está na universidade hoje. São jovens que vivem mediados 
pela internet, pelo computador, e que possuem essa fluência [na 
utilização desses recursos], que é usada  na sua vivência na escola. (…)
 Houve mudanças em todos os setores e áreas de produção de conhecimento,
 houve avanços na medicina, na engenharia, em toda nossa vida... Em 
nosso cotidiano, nós usamos as mídias digitais e essas mídias estão 
presentes na escola, mas nem sempre [estão presentes] na prática 
pedagógica. As pessoas que estão vivenciando isso em sua realidade, elas
 sabem usar o celular, o computador, embora na atividade educativa, 
dentro da sala de aula, esses recursos estejam relegados a um plano bem 
inferior ao que mereceriam ter.
Salto – E como pensar esse novo momento da educação numa perspectiva de redes?Vani
 Kenski – Toda grande alteração das tecnologias  digitais foi exatamente
 a possibilidade de uma interação maior. A interatividade das redes 
viabiliza a formação de trocas com muito mais intensidade entre as 
pessoas, entre as coisas, você tem informação a qualquer momento, em 
qualquer lugar. E isso viabiliza novas oportunidades educacionais e a 
formação redes de troca de informações em tempo real. Se precisamos de 
informações, na mesma hora entramos em contato, ou buscamos na internet.
 E já temos a formação de redes interativas mediadas pela tecnologia, 
com  conhecimentos, com informações, para diferenciados tipos de 
acessos, como planos, espaços, países, etc. Em relação às pessoas, o 
diferencial é imenso, porque nós temos contatos com múltiplos espaços de
 relações sociais, de redes sociais. E o que nós vemos é a possibilidade
 de, informalmente, usarmos as redes sociais: temos o orkut, twitter, 
facebook, temos diferentes redes sociais, e as pessoas da escola estão 
nessas redes. E o que se faz necessário é que a escola e os professores 
compreendam os espaços pedagógicos que se abrem com esses relações e 
comecem a utilizá-los. Não é usar apenas o facebook ou o orkut, mas sim 
criar a sua própria rede. Naturalmente, quando nós estamos na sala de 
aula, no primeiro dia de aula, os alunos querem fazer suas listas e 
nelas se integrarem, se comunicarem, e o professor encaminha conteúdos, 
textos, para  esta lista que foi formada, informalmente, pelos alunos. 
Mas esses espaços são muito subutilizados dentro dos espaços 
pedagógicos, existem infinidades de propostas a serem utilizadas para a 
formação de grupos, para a formação de trabalhos, são muitas as 
possibilidades... Mas é preciso que o professor tenha essa  vivência e 
possa trabalhar pedagogicamente junto a seus alunos e [a partir daí] vai
 haver um diferencial no processo, e também vai haver uma aproximação da
 realidade dos jovens, dos alunos que vivenciam isso cotidianamente. Às 
vezes, eles nos dizem: "eu nunca pensei que pudesse usar o orkut como 
espaço para aprender, eu pensei que era só para me divertir". Cabe à 
escola informar que é possível transformar a situação de redes sociais 
em espaços pedagógicos para aprender.
Salto – Para que isso ocorra, é necessário pensar na formação
 do professor. O que uma formação nas áreas de tecnologias ou mídias 
digitais deve oferecer ao profissional da educação?Vani 
Kenski – Em primeiro lugar, devemos pensar como é a formação inicial 
desse professor. E formação inicial desse professor, na grande maioria 
das instituições, é feita da forma mais tradicional possível. Eles não 
vivenciam essa realidade de se utilizar das mídias, sejam quais forem, 
para aprender nas próprias disciplinas do curso de formação. Os 
professores universitários são os que mais reagem à utilização dos 
recursos e mídias em suas salas de aulas  e isso cria o descompasso, 
pois se exige do profissional formado que ele saiba utilizar as mídias 
e, durante a sua formação, ele não utilizou, não vivenciou projetos em 
diferenciadas disciplinas em que isso estivesse presente. Ao contrário, 
alguns desses professores fazem uma pregação contra as tecnologias, o 
uso das tecnologias, embora sejam usuários delas fora de sala de aula, 
existe aí uma contradição. Esse é um dos principais problemas que nós 
temos em relação ao uso amplo, de uma forma pedagógica de qualidade, na 
prática pedagógica dos professores dos diferentes níveis. Se eles não 
tiveram uma formação que garantisse a eles essa vivência, esse preparo, 
como vão ter a possibilidade para o uso indiferenciado das mídias de uma
 forma extensiva, articulada, nos espaços onde eles têm responsabilidade
 com os alunos, nos espaços escolares? É preciso saber trabalhar 
pedagogicamente com os alunos que estão totalmente excluídos dos usos 
das tecnologias - que hoje em dia, no Brasil, estão a cada vez mais em 
um número menor. É preciso saber usar pedagogicamente as mídias, as 
redes com alunos de diferenciados níveis, e isso se aprende na escola, 
mas a escola de formação não os ensina. Não é uma disciplina isolada que
 vai resolver esse milagre, não é uma disciplina datada, com número 
exato de 1 ou 2 semestres no máximo. Essa cultura diferenciada que a 
nossa sociedade vivencia precisa ser incorporada à cultura educacional. E
 enquanto ela for considerada uma disciplina apartada do projeto 
político-pedagógico como todo e não for incorporada nas diferentes 
disciplinas, nós vamos ter problemas de uso dessa tecnologia ntro das 
escolas.
Salto –  Como o professor pode se utilizar dessas mídias de maneira integrada, de forma a trabalhar conteúdos, etc.?Vani
 Kenski– A integração já está sendo feita pelas próprias mídias, uma 
mídia remete a outra. Nós tivemos agora uma reunião, um Congresso 
Internacional da ABED lá em Fortaleza, onde foram apresentados inúmeros 
modelos e trabalhos de uso pedagógico das mídias. Então, nós temos, por 
exemplo, a integração da internet com o celular, que passa a ser um 
recurso pedagógico, que passa a ser muito útil para formas de 
comunicação, para encaminhamento de estratégias de avisos, de informes, 
de  ações integradas com a internet e dentro da internet. O uso, por 
exemplo, de ambientes virtuais onde já existe uma integração entre eles,
 onde o aluno pode estar trabalhando em um  fórum, chat, trabalhando com
 a construção colaborativa a partir de um link, ou outros tipos de 
textos que podem ser escritos colaborativamente. E existem vários tipos 
de conferências áudio ou vídeo que podem ser colocados dentro do 
ambiente escolar. Os vídeos, a produção de blogs, e não é só o aluno ser
 receptor, o aluno e o professor serem receptores de informação. E eles 
podem produzir informações, criar um blog, da sua própria sala, e criar 
atividades com os grupos diferenciados dentro de sala de aula, 
monitorados, onde cada um recebe o que tem que fazer. E nós temos 
diferenciados locais abertos, gratuitos, livres, que podem ser 
trabalhados. Existem os portais como o próprio Portal do MEC, com uma 
enormidade de objetos de aprendizagem, que estão lá e podem ser 
utilizados, aproveitados pelos professores e pelos alunos, para fazerem 
seus trabalhos. O que se tem é muita informação disponível que pode ser 
integrada em diferenciadas mídias, por exemplo, nós temos no nosso curso
 um fórum de imagens, e o aluno, a partir de uma temática, vai discutir e
 produzir, para se apresentar de forma textual. Há o fórum de vídeos, 
onde ele vai buscar, ou ele mesmo já produziu para apresentar, levar 
ideias, comentários sobre o trabalho, e outros tipos de avaliação, 
fazendo com que tenham uma atividade  de exercício crítico sobre aquilo 
que está sendo apresentado. Não fica apenas na relação professor-aluno, 
mas ele integra os alunos e possibilita que se comece a ação em redes de
 aprendizagem com o próprio grupo, com o professor participando, 
integrando e articulando. Existem inúmeras, infinitas formas de 
trabalhar ,de acordo com o objeto de estudo da sua disciplina, e com as 
atividades previstas na sua carga horária, e pode-se usar as mais 
diferentes mídias e avançar do espaço estrito da sala de aula para 
encontrar o mundo realmente, literalmente.
Salto – Quais as possibilidades da utilização da web como 
espaço de pesquisa e ensino para os cursos de formação, seja continuada 
ou inicial?Vani Kenski – Nós temos uma grande discrepância,
 porque eu vejo que o espaço de pesquisa na internet está sendo bem 
utilizado, praticamente os professores de todos os níveis, inclusive de 
pós-graduação, graduação, formação em qualquer nível, eles usam muito 
bem, demandam até dos alunos, pedem que os alunos busquem na internet 
para trabalharem nas suas monografias, dissertações, teses, fazem 
consulta e trocas de informação via e-mail, msn, seja o que for. Agora 
estes espaços estão sendo mais utilizados como busca, busca de 
informações, eles são pouco utilizados como espaços de produção, de 
pesquisa, a não ser quando há uma demanda oficial. Um dos espaços que 
cresceu muito, no nível brasileiro, são as revistas online, revistas 
digitais. Diferenciadas instituições, com um conselho editorial sério, 
estão produzindo revistas online, que garantem uma oferta muito boa de 
trabalhos. Eu vejo que, em termos internacionais, nós temos muito a 
crescer, porque se nós observarmos o percentual de revistas educacionais
 que existem em diferenciados idiomas, vamos ver que, em português, 
somos ainda muito precários, temos poucas publicações. Há espaço para se
 produzir e criar revistas e, também, espaços para produção de textos 
muito grandes, para divulgar as produções de monografias, dissertações, 
teses, as produções, mesmo acadêmicas, de diferenciados níveis, que são 
resultados de pesquisa.
Já com relação ao ensino nós estamos muito aquém. O espaço da internet para o ensino ainda é subutilizado, ele pode realmente ampliar, pode ampliar bastante. Inclusive, hoje em dia, a maioria das instituições dispõe de ambientes virtuais e o professor tem essa disponibilidade de usar os ambientes virtuais. Eles usam estes ambientes como “cabide” de textos, colocam os textos lá, mas não exploram a possibilidade desses ambientes. Por que não há esta exploração? A maior parte das vezes é porque eles não sabem, e não querem construir um grupo para poder explorar a possibilidade desse ambiente. Criar uma comunidade com os próprios alunos, ou criar um comunidade de professores que possam trocar ideias entre si, isso facilita muito o trabalho dentro dos diferenciados níveis de escolarização. Eu, por exemplo, tenho os meus grupos internacionais, que me alimentam muito, o que uma pessoa faz ela socializa no grupo. Já existe uma cultura no grupo de "já fiz isso não deu certo", ou "já fiz aquilo deu certo", ou "estou experimentando isso, a mais alguém interessa?". Muitas das práticas pedagógicas que eu utilizo vêm de uma troca de informações que não estão na mesma instituição, não estão na sala ao lado. Porque o trabalho do professor, até hoje, foi um trabalho solitário, cada professor planejava, principalmente no nível superior, cada professor planejava a sua disciplina, organizava sua aula. Quando se chega ao Ensino Médio, mesmo quando existe um projeto pedagógico, cada professor entra na sala de aula e o mundo se fecha ali. No Ensino Fundamental é praticamente a mesma coisa, a não ser que existam projetos, que exista um intercâmbio entre um grupo restrito de professores. O potencial da rede é criar projetos que articulem essas diferenciadas áreas, esses diferenciados espaços educacionais dentro da mesma cidade, dentro da mesma escola, dentro de outros países, outras cidades. Criar espaços de interação, de comunicação, de troca. E para isso a internet é o espaço ideal de utilização. Pensar o projeto pedagógico com essas possibilidades é o que nós mais precisamos. É uma questão de a gente poder se abrir para trocar, sem medo, essas possibilidades de produção, uma produção educacional de alto nível. É realmente saber que os alunos estão motivados, estão felizes, estão aprendendo, e estão felizes porque estão aprendendo e trabalhando. Não é aquela situação: "Eu vou para a escola. E aquilo lá é um tempo perdido e chato". É criar na escola um espaço de motivação para desencadear uma quantidade enorme de possibilidades de interação com diferenciadas pessoas, com diferenciados tipos de informação, é uma aprendizagem possível que esses espaços proporcionam.
Já com relação ao ensino nós estamos muito aquém. O espaço da internet para o ensino ainda é subutilizado, ele pode realmente ampliar, pode ampliar bastante. Inclusive, hoje em dia, a maioria das instituições dispõe de ambientes virtuais e o professor tem essa disponibilidade de usar os ambientes virtuais. Eles usam estes ambientes como “cabide” de textos, colocam os textos lá, mas não exploram a possibilidade desses ambientes. Por que não há esta exploração? A maior parte das vezes é porque eles não sabem, e não querem construir um grupo para poder explorar a possibilidade desse ambiente. Criar uma comunidade com os próprios alunos, ou criar um comunidade de professores que possam trocar ideias entre si, isso facilita muito o trabalho dentro dos diferenciados níveis de escolarização. Eu, por exemplo, tenho os meus grupos internacionais, que me alimentam muito, o que uma pessoa faz ela socializa no grupo. Já existe uma cultura no grupo de "já fiz isso não deu certo", ou "já fiz aquilo deu certo", ou "estou experimentando isso, a mais alguém interessa?". Muitas das práticas pedagógicas que eu utilizo vêm de uma troca de informações que não estão na mesma instituição, não estão na sala ao lado. Porque o trabalho do professor, até hoje, foi um trabalho solitário, cada professor planejava, principalmente no nível superior, cada professor planejava a sua disciplina, organizava sua aula. Quando se chega ao Ensino Médio, mesmo quando existe um projeto pedagógico, cada professor entra na sala de aula e o mundo se fecha ali. No Ensino Fundamental é praticamente a mesma coisa, a não ser que existam projetos, que exista um intercâmbio entre um grupo restrito de professores. O potencial da rede é criar projetos que articulem essas diferenciadas áreas, esses diferenciados espaços educacionais dentro da mesma cidade, dentro da mesma escola, dentro de outros países, outras cidades. Criar espaços de interação, de comunicação, de troca. E para isso a internet é o espaço ideal de utilização. Pensar o projeto pedagógico com essas possibilidades é o que nós mais precisamos. É uma questão de a gente poder se abrir para trocar, sem medo, essas possibilidades de produção, uma produção educacional de alto nível. É realmente saber que os alunos estão motivados, estão felizes, estão aprendendo, e estão felizes porque estão aprendendo e trabalhando. Não é aquela situação: "Eu vou para a escola. E aquilo lá é um tempo perdido e chato". É criar na escola um espaço de motivação para desencadear uma quantidade enorme de possibilidades de interação com diferenciadas pessoas, com diferenciados tipos de informação, é uma aprendizagem possível que esses espaços proporcionam.
Salto – A maioria das escolas hoje dispõe de laboratórios de 
informática. Como esse espaço tão presente nas escolas pode integrar as 
disciplinas e permitir também o desenvolvimento dos alunos?Vani
 Kenski – A primeira coisa seria o fato de não transformar o laboratório
 em uma coisa apartada. Seria o fato de estarmos integrados no projeto 
pedagógico e não apenas dizer: O professor de Geografia, ou o professor 
de Inglês, tem uma aula lá no Laboratório. (…) Passa a ser o local de 
exceção, a sala de aula é a regra, e aquilo ali é um "a mais". Em vários
 estudos e pesquisas, em dissertações de mestrado ou teses de doutorado,
 a primeira coisa que vemos é que a sala de informática tem que estar 
inserida no projeto pedagógico da escola e não estar num local de 
exceção, mas sim fazer parte das disciplinas. E não precisa ser uma 
questão obrigatória:  o professor da disciplina tem 2 horas e leva os 
seus alunos para aquele espaço. O espaço tem que ser um espaço de 
pesquisa, de produção, tem que ser incorporado à própria disciplina, não
 de forma obrigatória, mas como algo que pode ser um projeto, algo que 
os alunos vão discutir na sala, no blog, vão delinear, vão aprender a 
fazer. Por exemplo, fazer um roteiro, um history board, e depois, ao 
chegar num laboratório, poder produzir em grupo o que eles definiram 
como projeto para aquela atuação. Ele pode ir com perguntas orientadas, 
fazer buscas, mas tem que ser uma atividade planejada, e não deixar o 
aluno lá fazendo, copiando... E existem teses, dissertações, dizendo que
 o espaço é mal utilizado, não porque as pessoas tenham algum problema, 
mas sim porque elas não foram formadas. Voltamos à questão da formação. 
Um professor, na sua formação inicial e continuada, deve saber aprender a
 utilizar, porque o exemplo vem de cima. Então, na formação de 
professores, deve-se pensar num projeto pedagógico (PP) em que todas as 
disciplinas usem espaços mediados pelas tecnologias. Se os professores 
forem formados dentro desta visão de estratégias pedagógicas 
diferenciadas, eles vão saber aplicá-las melhor, serem mais criativos, 
vão desbloquear os seus próprios medos para poderem usar esses espaços 
de forma criativa. É preciso ouvir os alunos, eles têm sugestões 
incríveis para o uso desses espaços, para o desenvolvimento dos 
projetos. Eles podem trazer imagens, trazer textos. Tem um projeto, tem 
uma pesquisa, cada um vai trazer alguma coisa para a sala de aula e nós 
vamos fazer o planejamento do espaço para fazer tudo isso. E aí, quando 
formos para a sala de informática, vamos com consistência, dentro de uma
 realidade, para que possamos nos sentir felizes por estar utilizando o 
espaço de uma forma pedagogicamente correta. Não é uma questão de 
obrigatoriedade, mas uma questão de planejamento e conhecimento da 
oportunidade pedagógica que esses espaços possam oferecer. 
Salto – Hoje, presenciamos o que podemos chamar de 
multiplicação de portais voltados para educação e também para a escola. 
Que aspectos você considera importantes na concepção e na implementação 
desses portais?Vani Kenski – O que eu tenho visto de 
portais é que eles dificilmente têm uma ligação com o cotidiano de uma 
escola. Eles estão muito centrados nos conteúdos, muito focados em 
apresentar vídeos, imagens diferenciadas, pequenos textos, mais dentro 
de um processo de informação do que de formação, de questões de valores,
 atitudes, habilidades. Vamos pensar no portal, fazer um levantamento do
 que nós  fazemos há algum tempo, e vemos que existem pouquíssimos 
portais para a Educação Infantil, para professores da área de Educação 
Infantil, não há praticamente nada. O professor de Educação Infantil 
está abandonado. Existe uma multiplicidade, uma quantidade maior para 
áreas onde há mais conteúdo. Para as áreas de Ensino Médio nós temos 
muita coisa, para o Ensino Fundamental também. Então, o que  nós  vemos é
 que os portais duelam junto com os buscadores pela questão do conteúdo.
 Portais que discutem, por exemplo, e criam redes que possam atuar em 
questões de ética, disciplina, valores diferenciados de comportamento. E
 que, a partir dessas grandes questões, mobilizem os professores e os 
alunos para reflexões. Criam diferenciadas espécies de problemas que 
possam ser discutidos pelos professores, pelos alunos. Espaços onde 
algum profissional esteja, que tenha uma produção, uma reflexão maior, e
 venha fazer um chat. (...) Espaços que tratem de algum assunto, que 
dêem a contribuição de mostrar projetos que foram desenvolvidos. Um 
espaço de troca, porque o que eu vejo nos portais é uma diversidade 
muita grande de conteúdos, de informações, mas não uma movimentação 
diferenciada que mobilize professores e alunos para esses espaços. 
Existem uns que não são bem portais, mas ambientes virtuais, não no 
sentido de um ambiente virtual de aprendizagem, mas voltado para 
diferenciados níveis. No plano internacional eu vejo bons exemplos do 
que poderia ser feito aqui. Existe um espaço, que não sei se ainda está 
online, pois as coisas mudam também, e nós temos que ter bastante 
cuidado com isso. É um espaço de Educação Infantil que diferencia os 
níveis: se você é professor, tem um espaço de troca, onde você vai 
discutir as mesmas questões mas no âmbito do professor; se você é aluno,
 tem um espaço das brincadeiras; se você é pai, tem um espaço de 
interlocução com os professores, e os professores com os pais, mas tem 
um lugar específico onde eles vão trabalhar as mesmas questões, a partir
 de uma lógica familiar. Essas são possíveis integrações, que seriam 
muito importantes. Eu acho que a escola precisa pensar no sentido de 
saber analisar criticamente o excesso de informações disponíveis. A 
informação vem, chega, e nós temos que analisar criticamente tudo o que 
nós precisamos fornecer, ou discutir, precisamos vivenciar valores. E, 
quando você trabalha de uma forma integrada, seja dentro de portais, 
grupos, redes, você consegue discutir questões de valores, de respeito 
ao outro, a opinião do outro. Saber comentar um trabalho, uma outra 
opinião, uma troca de opiniões, respeitando que existem diversidades de 
posicionamentos, e nós precisamos refletir sobre esses pontos. É preciso
 haver disciplina nesse processo, para nós conseguirmos ter espaços 
educativos realmente válidos, e que precisam ser aproveitados. Em língua
 portuguesa, por mais que tenha havido um crescimento muito grande, 
ainda estamos muito aquém, porque o crescimento é exponencial, e o 
crescimento de ambientes virtuais, sites, blogs, portais, em Inglês, é 
assustador. Em português, utilizo produções em português de Portugal  e 
em português do Brasil, e em muitas produções, principalmente textos e 
materiais, temos alguma deficiência para encontrar. Há uma dificuldade 
maior porque estamos precários em apresentar as nossas produções. Nós 
ainda trabalhamos com nossos alunos em sala de aula dentro do perímetro 
da sala de aula, seja ela virtual ou física, onde nos encontramos 
fisicamente, mas os trabalhos ficam fechados ali. São feitos excelentes 
trabalhos, mas acabou a disciplina, isto acabou ali. Mas existem 
contribuições possíveis de se apresentar, e são trabalhadas 
pedagogicamente, e discussões que podem ser feitas de forma mais ampla, 
em referenciados contextos, dentro do espaço educacional. 
Salto –  O que mudou na oferta educacional com a Educação a Distância?
Vani Kenski – Mudou bastante. Nós temos um crescimento desde o início, há 10 anos, quando foi criada a Secretaria de Educação a Distância, e ainda começaram o credenciamento dos cursos e tudo o mais. Hoje em dia nós temos uma realidade bem diferente. A partir de 2007, com a criação da Universidade Aberta do Brasil (UAB), nós temos outra realidade, que é o desenvolvimento continuado de ofertas educacionais para todo o Brasil, e mais, hoje em dia temos um modelo nacional oficial, que é realizado tanto pelos espaços das universidades públicas, por meio de um consórcio estadual, como também pelas universidades privadas. A questão da Educação a Distância, dentro dos espaços atuais, é ter um grande número de ofertas de cursos em massa. São cursos para no mínimo 500 pessoas numa turma. Por vezes, até 50 mil pessoas. Se pensarmos nos modelos internacionais, tivemos depoimentos diferenciados de Reitores de universidades do Paquistão, da Índia. Temos uma universidade na Índia com 6 milhões de alunos a distância, uma universidade no Paquistão também com milhares. Existe, então, um modelo de Educação a Distância, que é um modelo massivo. Este modelo vem dentro dessas ofertas educacionais, principalmente as que estão ligadas à Universidade Aberta do Brasil, como modelo de democratização do acesso à educação. Existem metodologias, atividades, procedimentos e processos específicos para esse tipo de atuação em grandes redes, e isso garante que alunos dos mais diferenciados espaços não precisem sair dos seus estados, cidades, para conseguir obter uma informação em nível superior. Isso é um grande diferencial, e dentro dos grandes países que têm mais de 50 milhões de habitantes, o Brasil foi o último a ter uma universidade aberta. Todos os demais já tinham há muito tempo, quando foi criada a nossa universidade, que não é tão aberta assim. Porque ela exige uma seleção, só alguns alunos é que podem ir, e normalmente está ligada à formação de professores, é a própria rede que viabiliza esse tipo de educação a distância para alunos-professores de instituições públicas. É um modelo diferenciado de abertura. Se nós olharmos, por exemplo, a Open University, que é a mais tradicional das universidades abertas, ela não tem nenhum tipo de obstáculo. Qualquer pessoa, a qualquer momento, pode ingressar num curso que esteja sendo oferecido, e desenvolver o curso dentro das ofertas que ela tem. E para isso ela tem milhares de alunos em diferenciados cursos. Esse é um modelo, existem outros, esse não é o único. Para cada modelo de educação a distância existem mídias diferentes, uma integração de tecnologias, de grupos profissionais diferentes. Nós temos os mais diferenciados, desde aqueles que são mais instrucionais aos que são baseados no uso de papel, de material impresso, e também no uso de CDs e DVDs. E nós temos um processo diferenciado para os projetos menores, orientados para nível de pós-graduação, que são os projetos colaborativos. Nestes casos há uma articulação, todos formam realmente uma comunidade, e podem produzir e trabalhar integrados, e em comunicação o tempo todo. Isso não quer dizer que, nesses projetos massivos, isso não aconteça. Acontece. Mas numa outra escala, e com propostas diferenciadas, e abordagens teóricas/pedagógicas diferenciadas também. Então, existe uma diversidade de conhecimentos e de práticas pedagógicas...
Eu gosto bastante do trabalho colaborativo, onde todos os alunos participam intensamente, o professor também se dedica com muito mais intensidade, mas existe uma visível construção, um aprendizado amplo e possível de todos. E muitas coisas, até o próprio desenvolvimento humano no processo, nós professores aprendemos muito com essa troca com os alunos. Quer dizer, todos estão ali, numa comunidade de aprendizagem, e isso traz diferenças. Mas isso não significa que o ensino massivo seja diferenciado, ou em menor qualidade. Pelo contrário, acho até que os últimos resultados do ENADE vêm mostrar que os cursos – os bons, os que se dedicam – de educação a distância, estão realmente tendo um retorno, os alunos estão tendo um aprendizado muito bom, de qualidade. Agora, uma questão que se coloca também é na produção dos materiais desses cursos. Porque não é a simples transposição do que é feito para a educação dentro das salas de aula, para o ensino presencial, não é apenas colocar estes materiais num ambiente virtual e pronto, já está resolvido. Não, existe todo um modelo diferenciado de produção, de planejamento, que é uma construção, uma construção midiática. Ela exige novos profissionais, uma outra realidade, um outro planejamento, exige disciplina. Não há como ter improviso na educação a distância. Não é o professor chegar na sala de aula e dizer: “onde é que nós paramos ontem?”. Não existe isso. Você precisa ter mais planejamento, ter um trabalho, quando nós montamos um curso, ele precisa ser validado. É preciso ver se todas as questões estão bem pensadas e colocadas. Toda a parte de conteúdos, de atividades, ela é pré-planejada. Quando o curso começa a acontecer, as coisas se alteram. São incorporadas novas informações, colocadas novas atividades, de acordo com o perfil dos alunos, de acordo com o que vai "rolando" dentro do curso, vai dando um diferencial diferente àquele curso. Mas a estrutura dele, o processo início, meio e fim, planejamento, cronograma, disciplina, isso aí precisa ser trabalhado com muita antecedência. E a outra coisa é a própria maneira como o conteúdo, o material, as informações vão ser distribuídos ao longo de todo o curso. Isso daí é o grande diferencial, e exige sim uma formação, uma especificidade, que os cursos de formação de professores estão longe de oferecer para os nossos professores, os que estão sendo formados, dando tanto a formação inicial quanto continuada, de uma forma geral. Existe uma especificidade na educação a distância que precisa ser aprendida, e não é uma coisa que se faça de forma intuitiva. Não é porque eu sou um bom professor no ensino presencial, que eu vou ser um bom professor no ensino a distância. Pelo contrário, muitas vezes, nós temos boas surpresas, ou boas decepções. Aquele em que a gente apostava tudo, porque é um excelente professor presencial, ele sente que não tem a mesma vocação quando se trata de trabalhar a distância, online, com os alunos.
Vani Kenski – Mudou bastante. Nós temos um crescimento desde o início, há 10 anos, quando foi criada a Secretaria de Educação a Distância, e ainda começaram o credenciamento dos cursos e tudo o mais. Hoje em dia nós temos uma realidade bem diferente. A partir de 2007, com a criação da Universidade Aberta do Brasil (UAB), nós temos outra realidade, que é o desenvolvimento continuado de ofertas educacionais para todo o Brasil, e mais, hoje em dia temos um modelo nacional oficial, que é realizado tanto pelos espaços das universidades públicas, por meio de um consórcio estadual, como também pelas universidades privadas. A questão da Educação a Distância, dentro dos espaços atuais, é ter um grande número de ofertas de cursos em massa. São cursos para no mínimo 500 pessoas numa turma. Por vezes, até 50 mil pessoas. Se pensarmos nos modelos internacionais, tivemos depoimentos diferenciados de Reitores de universidades do Paquistão, da Índia. Temos uma universidade na Índia com 6 milhões de alunos a distância, uma universidade no Paquistão também com milhares. Existe, então, um modelo de Educação a Distância, que é um modelo massivo. Este modelo vem dentro dessas ofertas educacionais, principalmente as que estão ligadas à Universidade Aberta do Brasil, como modelo de democratização do acesso à educação. Existem metodologias, atividades, procedimentos e processos específicos para esse tipo de atuação em grandes redes, e isso garante que alunos dos mais diferenciados espaços não precisem sair dos seus estados, cidades, para conseguir obter uma informação em nível superior. Isso é um grande diferencial, e dentro dos grandes países que têm mais de 50 milhões de habitantes, o Brasil foi o último a ter uma universidade aberta. Todos os demais já tinham há muito tempo, quando foi criada a nossa universidade, que não é tão aberta assim. Porque ela exige uma seleção, só alguns alunos é que podem ir, e normalmente está ligada à formação de professores, é a própria rede que viabiliza esse tipo de educação a distância para alunos-professores de instituições públicas. É um modelo diferenciado de abertura. Se nós olharmos, por exemplo, a Open University, que é a mais tradicional das universidades abertas, ela não tem nenhum tipo de obstáculo. Qualquer pessoa, a qualquer momento, pode ingressar num curso que esteja sendo oferecido, e desenvolver o curso dentro das ofertas que ela tem. E para isso ela tem milhares de alunos em diferenciados cursos. Esse é um modelo, existem outros, esse não é o único. Para cada modelo de educação a distância existem mídias diferentes, uma integração de tecnologias, de grupos profissionais diferentes. Nós temos os mais diferenciados, desde aqueles que são mais instrucionais aos que são baseados no uso de papel, de material impresso, e também no uso de CDs e DVDs. E nós temos um processo diferenciado para os projetos menores, orientados para nível de pós-graduação, que são os projetos colaborativos. Nestes casos há uma articulação, todos formam realmente uma comunidade, e podem produzir e trabalhar integrados, e em comunicação o tempo todo. Isso não quer dizer que, nesses projetos massivos, isso não aconteça. Acontece. Mas numa outra escala, e com propostas diferenciadas, e abordagens teóricas/pedagógicas diferenciadas também. Então, existe uma diversidade de conhecimentos e de práticas pedagógicas...
Eu gosto bastante do trabalho colaborativo, onde todos os alunos participam intensamente, o professor também se dedica com muito mais intensidade, mas existe uma visível construção, um aprendizado amplo e possível de todos. E muitas coisas, até o próprio desenvolvimento humano no processo, nós professores aprendemos muito com essa troca com os alunos. Quer dizer, todos estão ali, numa comunidade de aprendizagem, e isso traz diferenças. Mas isso não significa que o ensino massivo seja diferenciado, ou em menor qualidade. Pelo contrário, acho até que os últimos resultados do ENADE vêm mostrar que os cursos – os bons, os que se dedicam – de educação a distância, estão realmente tendo um retorno, os alunos estão tendo um aprendizado muito bom, de qualidade. Agora, uma questão que se coloca também é na produção dos materiais desses cursos. Porque não é a simples transposição do que é feito para a educação dentro das salas de aula, para o ensino presencial, não é apenas colocar estes materiais num ambiente virtual e pronto, já está resolvido. Não, existe todo um modelo diferenciado de produção, de planejamento, que é uma construção, uma construção midiática. Ela exige novos profissionais, uma outra realidade, um outro planejamento, exige disciplina. Não há como ter improviso na educação a distância. Não é o professor chegar na sala de aula e dizer: “onde é que nós paramos ontem?”. Não existe isso. Você precisa ter mais planejamento, ter um trabalho, quando nós montamos um curso, ele precisa ser validado. É preciso ver se todas as questões estão bem pensadas e colocadas. Toda a parte de conteúdos, de atividades, ela é pré-planejada. Quando o curso começa a acontecer, as coisas se alteram. São incorporadas novas informações, colocadas novas atividades, de acordo com o perfil dos alunos, de acordo com o que vai "rolando" dentro do curso, vai dando um diferencial diferente àquele curso. Mas a estrutura dele, o processo início, meio e fim, planejamento, cronograma, disciplina, isso aí precisa ser trabalhado com muita antecedência. E a outra coisa é a própria maneira como o conteúdo, o material, as informações vão ser distribuídos ao longo de todo o curso. Isso daí é o grande diferencial, e exige sim uma formação, uma especificidade, que os cursos de formação de professores estão longe de oferecer para os nossos professores, os que estão sendo formados, dando tanto a formação inicial quanto continuada, de uma forma geral. Existe uma especificidade na educação a distância que precisa ser aprendida, e não é uma coisa que se faça de forma intuitiva. Não é porque eu sou um bom professor no ensino presencial, que eu vou ser um bom professor no ensino a distância. Pelo contrário, muitas vezes, nós temos boas surpresas, ou boas decepções. Aquele em que a gente apostava tudo, porque é um excelente professor presencial, ele sente que não tem a mesma vocação quando se trata de trabalhar a distância, online, com os alunos.
Salto – Um dos temas polêmicos na educação a distância é a avaliação. Essa questão já foi superada?Vani
 Kenski – Depende do que é ser superado. Entre os pesquisadores da área,
 entre os que praticam educação a distância, nós temos dúvidas sobre as 
possibilidades de se trabalhar com avaliação a distância. Entre aqueles 
que olham de uma forma distanciada para a questão, nós temos problemas. 
Nós temos que olhar essa questão a partir do conceito de avaliação, 
porque avaliação não é medida, avaliação é processo. Se você tem e 
define um momento para avaliar, você está fazendo uma avaliação dentro 
de um conceito de que avaliação é uma prova, é o teste, é um exame, e 
isso é um dos aspectos, ou um dos critérios que podem ser discutidos em 
termos do que nós consideramos avaliação. Para muitos dos pesquisadores 
com os quais converso, estudo, pesquiso, a avaliação é processo e ela 
ocorre no dia a dia, a todo momento, em todas as atividades. Avaliação é
 processo. É feita no dia a dia, ela é feita no próprio conhecimento 
desse aluno, no  que esse aluno é capaz de fazer, do ponto de partida 
para o ponto em que ele desabrocha, onde ele aprende, onde ele mostra 
evidências. Mostra evidências não só em um teste ou prova, que pode ser 
apenas  um momento, talvez ele não esteja no melhor dos momentos, tem 
alguma preocupação, ou está doente. Será que este momento é o mais 
importante e o mais significativo, que vai dizer do desenvolvimento dele
 em todo semestre, durante todo um período? Então, todas as construções 
vão nos mostrando o que esse aluno faz. Tem que ter um  valor 
significativo nessa construção, que é a aprendizagem desse aluno. A 
avaliação é polêmica para as pessoas que não vivenciam projetos de 
educação a distância de qualidade, porque no projeto de educação a 
distância de qualidade nós conhecemos mais e melhor nossos alunos do que
 numa sala de aula presencial. Quando eu estou numa sala de aula 
presencial, eu tenho uma aula de três, ou quatro horas, uma vez por 
semana, para um grupo, uma multidão de 30 alunos. Nessas três, quatro 
horas em que eu estou ali, não tenho como dar uma atenção diferenciada, e
 não tenho como saber o problema de casa de cada um, não sei porque ele 
faltou, quando saiu cedo, ou porque chegou tarde. Quando eu trabalho nos
 meus grupos na educação a distância, eu conheço eles. Quando nós nos 
encontramos é uma festa. Somos amigos, nos conhecemos, porque lidamos 
diariamente com desafios pedagógicos que precisam de troca. Nós sabemos 
como cada um deles se apresenta. As atividades precisam ser pensadas e 
planejadas, está aí a especificidade do planejamento da educação a 
distância, garantir que essas atividades sejam atividades de avaliação 
diferenciadas. Atividades que garantam que realmente aquela pessoa que 
conhecemos está desenvolvendo o projeto, está desenvolvendo um trabalho 
onde as dúvidas são esclarecidas a todo momento, onde nós vemos o 
processo desta pessoa, o crescimento naquilo que está fazendo, 
acompanhamos essas atividades. Então, a avaliação online é um outro tipo
 de concepção que não é apenas uma nota de uma prova que vai ser marcada
 em um dia "x" e o aluno vai lá resolver a questão e, bem ou mal, ele 
vai ter um resultado. Não que essa prova deva ser eliminada, mas ela não
 pode ser o elemento definidor e determinante para  um curso  dentro do 
processo de avaliação. Se é processo, temos que considerar todas as 
atividades previstas, planejadas e desenvolvidas pelo aluno durante o 
percurso daquela disciplina, naquele curso, seja o que for.
Salto – Para encerrar essa entrevista, o que você diria aos 
professores que buscam  formas de integrar educação e as mídias 
digitais?Vani Kenski – O que acho importante é que esse 
professor não tenha medo de experimentar, antes de mais nada. Que ele 
procure aprender a usar esses meios,  procure conhecer, mergulhar. 
Existe um teórico que eu gosto muito, autor de um livro que já está 
esgotado, mas se pode encontrar em sebo, ou em qualquer lugar, que se 
chama Novos modos de compreender: a geração do audiovisual e do 
computador. É um livro bem antigo escrito por Pierre Babin e nele ele 
diz que, e eu acredito muito nisso, que a relação dos professores com os
 novos meios precisa ser, antes de mais nada, uma reação, primeiro, de 
mergulho. Ele precisa conhecer, ele precisa saber o que é uma rede 
social, facebook, orkut, todos esses meios, e olhar com um olhar 
pedagógico para tudo isso, vivenciar todas essas realidades. Olhar o 
e-mail, msn, como espaços pedagógicos. Olhar seu celular e pensar: "que 
estratégias eu posso fazer, o que posso articular com os recursos que os
 alunos têm"? Olhar para sua sala de aula e para o laboratório de 
informática de suas escolas como espaços pedagógicos infinitos de 
articulação dele, professor, com seus alunos e  com o mundo. Ele precisa
 mergulhar nessa realidade, viver, curtir, saber porque os alunos curtem
 tanto, porque os jovens adoram esses espaços, realizar joguinhos que 
não sejam só o "joguinho de paciência", mas ir além. Ver os desafios, 
pedir aos alunos que mostrem o que eles curtem, o que eles fazem na 
internet, e poder aprender com eles, mergulhar. E, depois, o que Babin 
diz é sobre o distanciamento crítico, o professor precisa  olhar tudo 
isso, e olhar a realidade de seus alunos, de sua sala de aula, as 
possibilidades que eles têm nesses espaços, para poder vislumbrar, disso
 tudo, o que se pode minimamente fazer para que as disciplinas e os  
objetivos pedagógicos dialoguem com essas possibilidades. Propor aos 
alunos todas essas possibilidades. É preciso desenvolver projetos, ainda
 que pequenos. Eu tenho um orientando que está estudando Matemática numa
 turma presencial, e ele está fazendo sua dissertação de mestrado com 
geometria online. Ele criou um curso que está levando os alunos para o 
ambiente virtual, sem deixar a sala de aula, mas fazendo com que os 
alunos dialoguem com ele em outros espaços que não sejam exclusivamente a
 sala de aula. Existem ambientes virtuais gratuitos, existe muita coisa 
de graça online, livre, free. O próprio Portal do Ministério da Educação
 tem muitos conteúdos. É saber buscar, propor a busca, trazer esse 
material, selecionar e poder, então, oferecer, planejar o oferecimento 
desse material, de maneira que o aluno se sinta feliz, integrado, 
podendo trabalhar com isso. E é preciso que os alunos vejam aquilo com a
 naturalidade, que eles acessem a internet e façam todas aquelas coisas,
 mesmo os que não têm computador em casa, mesmo aqueles que vão para a 
lan house. O movimento lan house no Brasil tem um crescimento absurdo, 
nós temos 62 milhões de pessoas usando computador e internet, seja em 
casa, no trabalho, nos vizinhos, ou em lan house, ou em escolas. Usar o 
espaço da escola como espaço de inclusão, mas não uma inclusão 
artificial, uma inclusão dialogada com os seus objetivos de pesquisa. Eu
 acho que esse professor vai ter muito que crescer, muito que aprender, 
eu considero que estou permanentemente aprendendo a cada atividade, a 
cada movimento, a cada curso eu aprendo mais. Os alunos trazem novas 
realidades, eu pesquiso, faço buscas, estou sempre aprendendo, porque 
esse é um movimento natural de todos. E é um desafio para todas as 
áreas, não é só porque somos professores que precisamos estar nesse 
processo. O médico, o engenheiro, qualquer profissional precisa estar em
 um movimento de transformações velozes, precisa  estar sempre se 
atualizando. E nessa atualização as tecnologias nos ajudam muito, nessa 
integração, nesse "estar junto" nesse processo. Aquilo que, na cultura 
tradicional educacional, é chamado de educação a distância, nós chamamos
 de "educação sem distâncias". É preciso garantir que nós possamos estar
 virtualmente mais próximos dos nossos alunos do que nós estávamos 
fisicamente, com eles presentes dentro de sala de aula. E, nessa 
proximidade, todos nós lucramos, todos nós aprendemos, é o que eu posso 
desejar para todos, que não tenham medo de ousar e de aprender junto.
 
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